terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Filha do Sangue [Jóias Negras 1], de Anne Bishop - Opinião

Título original - Daugther of the blood
Saga: Jóias Negras #1 / The Black jewels #1
Editora: Saída de Emergência
Sinopse: Há setecentos anos, num mundo governado por mulheres e onde os homens eram meros súbditos, uma Viúva Negra profetizou a chegada de uma Rainha, na sua teia de sonhos e visões.
Agora o Reino das Sombras prepara-se para a chegada dessa mulher, dessa Feiticeira que terá mais poder do que o próprio Senhor do Inferno. Mas a Rainha ainda é nova, passível de ser influenciada e corrompida. Quem controlar a Rainha controlará o mundo.
Três homens poderosos — inimigos de sangue — sabem isso. Saetan, Lucivar e Daemon apercebem-se do poder que se esconde por trás dos olhos azuis daquela menina inocente. E assim começa um jogo cruel, de política e intriga, magia e traição, onde as armas são o ódio e o amor. O preço pode ser terrível e inimaginável...


Opinião:
Este título marcou a minha estreia com a autora, que nos apresenta uma sociedade matriarcal liderada por mulheres feiticeiras, mas dividida em diversos estratos sociais, que estão pautados por diferenças impressionantes. 
Os Sangue foram criados com um propósito de proteger os reinos mas com o passar dos séculos, honram apenas as suas próprias ambições, foram corrompidos pela ganância e os seus modos de vida. Tersa profetizou que a Rainha vinha a caminho, A Feiticeira que iria quebrar a sociedade actual, e estabeleceria o equilíbrio e a natureza do que deveria ser a sociedadeAgora que passaram 700 anos, a Rainha finalmente chegou mas é apenas uma criança, e na sua ingenuidade pode ser influenciada e corrompida. 
Três homens descobrem a sua existência e logo constatam que é aquela a Rainha que sempre sonharam servir, Saetan (o Senhor do Inferno), Daemon e Lucivar, de tudo farão para protegê-la e mantê-la a salvo. Neste volume a personagem central é a Jaenelle, mas com frequência, têm mais ênfase Daemon e também Saetan, embora muito menos. Para Daemon, a sua crença é que ele nasceu para amá-la, tornar-se o seu amor quando chegar a maioridade, pois ele nunca faria mal a uma criança. Para Saetan, a Jaenelle é a filha da sua alma. No momento em que a vê e conhece o seu enorme poder, no momento em que estabelece contacto visual com aqueles olhos azuis, ele decide amá-la e ensiná-la. E isso terá que ser suficiente.
Como toda a boa história, simultaneamente com a representação do bem, aqui temos o mal impersonado por Hekatah, quem verdadeiramente quer o poder, que manipula Dorothea para atingir os seus objectivos. Ela toma conhecimento da criança e do perigo que representa para si e para os seus planos, e através de Dorothea tenta eliminá-la. Começa assim a história que apaixonou milhares de leitores.

Daqui para a frente contém alguns spoilers.

Devo dizer imediatamente, que enojou-me o propósito da instituição de Briarwood, os acontecimentos descritos relacionados, e toda a situação que remetia à pedofilia, que honestamente provocaram em mim sentimentos de repulsa e revolta. Aponto isto como o grande aspecto negativo do livro.
A autora criou um universo e uma atmosfera mágica, uma história muito boa onde somos compelidos a torcer pelos homens que protegem Jaenelle e que a amam, cada um à sua maneira, e pela própria Jaenelle, que encerra em si a inocência de uma criança e ao mesmo tempo, um imenso poder em bruto, ela que após muitos séculos, é o símbolo da esperança. Fez-me muita pena ler que por todos os locais que ela visitava era adorada, excepto junto da sua família biológica, onde apenas a sua irmã e os empregados a valorizavam.
Tendo em conta a história de vida do trio masculino de protectores, gostei bastante de que apesar das atrocidades cometidas contra eles  (Daemon e Lucivar são escravos, sendo o primeiro um escravo sexual), prevaleça um sentimento muito forte de honra característico do pai e filhos "ilegítimos", pois na minha opinião trouxe riqueza de carácter às personagens. Pode-se ver que apesar do mau génio, defeitos e das coisas más que fizeram, todos eles não são maus, têm em si uma parte boa e muito bonita de se descobrir com o avanço da leitura do livro.
A ideia inicial que tinha, foi que a principio achei que eram muitas personagens em jogo, e também custou-me um bocado entrar na história e perceber o seu contexto, e a importância das jóias, apenas passado um bom bocado é que as coisas começaram a se ligar e a fazer mais sentido para mim, embora ainda acho algumas coisas confusas. Pode ser que se tornem mais claras no volume seguinte.
Ao terminar o livro atingiu-me uma sensação de insaciedade, e quero mesmo saber como continua a história. Aconselho a leitura mas não recomendo aos mais novos, devido a alguns relatos de teor sexual.

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